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Manifesto Ágil de Finanças: a nova bússola dos Finance Business Partners

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Se você acompanha meu trabalho, já sabe que estou em missão há 3 anos: transformar o papel do time financeiro nas organizações. Uma parte fundamental dessa jornada é abandonar a postura reativa, técnica e isolada — para assumir um novo lugar, mais estratégico, humano e colaborativo. Um lugar de liderança real. Um lugar de impacto.

Foi por isso que, quando li o Manifesto Ágil de Finanças do Agile Business Consortium, não consegui pensar em outra coisa: isso aqui é uma tradução quase literal daquilo que um verdadeiro Finance Business Partner deve ser.

Como muitos de vocês já sabem, trabalhei por 12 anos em uma empresa de tecnologia ágil, onde alguns dos signatários do Manifesto Ágil original eram colaboradores. Faço essa correlação não somente do ponto de vista teórico, mas por vivência prática. Reúno aqui alguns insights dessa filosofia de trabalho financeira e do FBP com o da agilidade.

Além disso, traço paralelos com o que venho desenvolvendo com líderes e times, seja em workshops corporativos ou no GELP — o Grupo Exclusivo de Líderes de Planejamento —, pois a base dessas duas filosofias tem valores, comportamentos e habilidades que permeiam meus trabalhos.


Colaboração acima da técnica

O manifesto começa com um valor que, para mim, deveria estar colado na parede de toda sala de planejamento: “Colaborar com stakeholders, times de negócio e clientes mais do que decisões financeiras isoladas.”

Essa é a base do Finance Business Partnership e também de times de alta performance. Pois, a partir da colaboração, nasce transparência, que leva à confiança e, portanto, times mais resilientes para melhores tomadas de decisões, mesmo as mais difíceis.

Mas veja: colaboração não é só chamar para reunião ou mandar uma apresentação bonita com gráficos. É cocriar a decisão. É influenciar o caminho. É saber ouvir, interpretar e devolver com clareza e impacto. Coisas que nós, financeiros, não fomos exatamente treinados para fazer, e que tornam o entendimento e a execução um tanto complicados inicialmente, pois requerem uma mudança profunda de comportamento que muitas vezes desafia nossas crenças.

No GELP ou nas Jornadas de Transformação de Times, trabalhamos essa habilidade primeiro olhando para nossas amarras mentais, buscamos apoio na mentalidade ágil e partimos para a prática com dinâmicas e provocações, onde líderes e times são convidados a sair do EU para o NÓS.


Adaptabilidade acima do controle

Outro valor do manifesto diz: “Responder a mudanças e oportunidades mais do que seguir planos financeiros estáticos.”

Quem ainda acha que o orçamento é imutável, está atrasado uns bons anos.

No mundo real — e principalmente nas organizações que querem crescer — a mudança é a única constante.

Por isso, desenvolvemos no GELP uma mentalidade de adaptabilidade, que responde a perguntas como:

  • Como lidar com incerteza?
  • Como priorizar o que realmente importa quando tudo muda?
  • Como ter conversas difíceis com o negócio quando o plano precisa mudar?

Associamos as técnicas financeiras de scenario planning e what-if analysis para facilitar o entendimento de causa e consequência de certas decisões e prover o melhor direcionamento possível para nossos parceiros.

A resposta está em trabalhar com menos números exatos e mais probabilidades (ranges). Apoiar-se menos no Excel e mais na postura de liderança, escuta ativa e coragem para ter conversas difíceis.


Power skills como alavancas de performance

O manifesto fala também sobre “equipes motivadas, com ambiente e confiança para tomar decisões”.

E é aí que entram as power skills — habilidades humanas que diferenciam um FBP de verdade de um “financeiro que só executa”.

Claro que uma análise da cultura da empresa é fundamental aqui. É preciso uma cultura que valorize a criatividade e inovação, com segurança psicológica, para que todas as estruturas, inclusive a do financeiro, possam agir com maior flexibilidade.

Como sempre digo nos workshops que lidero, está tudo bem errar — desde que você não quebre a empresa, é claro. É importante entender que todo financeiro se desenvolveu numa cultura de acurácia máxima, o que impacta o modelo cognitivo adotado por essa população. Para quebrar isso, é necessário um líder que compreenda que alta performance também permite pequenos erros, pois na busca da “perfeição” haverá muitas tentativas falhas.

No GELP, criamos um espaço seguro para desenvolver:

  • Mentalidade de crescimento
  • Escuta ativa
  • Empatia

E outras habilidades essenciais para um profissional sênior, como:

  • Comunicação persuasiva: para que o financeiro pare de traduzir números e comece a contar histórias com eles;
  • Pensamento crítico: para desafiar o status quo e não aceitar premissas rasas ou decisões baseadas em achismos;
  • Liderança de influência: para conquistar espaço e confiança sem precisar de um cargo.

Todas essas habilidades são treináveis e precisam ser tratadas com o mesmo peso das técnicas.

Afinal, o impacto de uma boa análise morre se você não souber ler o ambiente, apresentar dados conectando-os a histórias relevantes, ter empatia com os desafios dos colegas, mas também argumentar quando necessário e aprender a negociar com o negócio, cedendo para chegar à melhor decisão.


Simplicidade, reflexões e melhorias constantes

Por fim, o manifesto fecha com dois princípios que são verdadeiros mantras do nosso grupo:

  • Simplicidade: ou como gosto de dizer, “menos ruído, mais clareza.” Quando aprendemos a explicar com simplicidade os conceitos financeiros para todo o negócio, saímos da cadeira do “sabe tudo” para o educador que tem um único objetivo: fazer o time ganhar. É quando a pessoa atinge sua maturidade profissional.

Precisamos entender que falar de finanças, ou melhor, dinheiro, é desconfortável para todo mundo, seja por falta de conhecimento, seja por motivos pessoais. Nós, financeiros, precisamos adotar uma postura mais aberta para ouvir nas entrelinhas o que realmente está em jogo, para que possamos trazer, com simplicidade, o caminho do meio para todos e assim direcionar times na direção certa.

  • Reflexão contínua: porque líder bom não é quem sabe tudo, mas quem melhora tudo que toca. Estar constantemente se questionando: “Existe uma maneira melhor de fazer o que faço hoje?”, “Será que este relatório, KPI ou número qualquer tem mesmo a relevância que estou atribuindo?”, “Este relatório realmente informa o que o negócio precisa para tomar a decisão sem minha ajuda?”

Esse tipo de comportamento exige do profissional muita clareza de propósito de carreira, para que ele não se apegue às pequenas urgências do dia a dia e possa evoluir junto com seu trabalho. Não é incomum nos apegarmos a modelos e relatórios que construímos como se fossem uma tábua de salvação — como nossos filhos. Por isso, o auto questionamento é fundamental para estarmos sempre inovando e adicionando valor onde ele é percebido, e não onde nós desejamos que esteja.

No GELP, temos conversas que trazem à tona questões que podem mostrar onde os profissionais estão apegados a certas formas de ser e pensar. Por isso, nossos encontros mensais trabalham conteúdos de planejamento financeiro, usando as ferramentas para melhorar não somente as análises financeiras, mas também como pensamos negócio, aumentamos impacto e nos tornamos realmente influentes. São momentos de alta reflexão, que exigem dos profissionais do grupo pausas para analisar sua atuação e criar planos de construção de um novo SER.

Juntos, revisamos práticas, trocamos experiências reais (sem maquiagem) e construímos o novo caminho do financeiro no Brasil.


Conclusão: o manifesto é só o começo

O Agile Finance Manifesto não é apenas um documento bonito. Ele é um chamado para que paremos de operar no automático e comecemos a redefinir o papel do financeiro com coragem, humanidade e visão de futuro.

Transformar-se de um analista técnico em um educador financeiro — alguém que influencia, educa e lidera com empatia — não é tarefa fácil, mas é absolutamente necessária.

Se você já sente que não dá mais para ser “só do financeiro”, venha com a gente.

No GELP, estamos formando uma nova geração de líderes que não se escondem atrás dos números, mas fazem deles agentes de transformação.

Então, a pergunta que fica é: Você vai continuar entregando o que pedem — ou está pronto para entregar o que realmente move o negócio?


Perguntas para reflexão

  • Como você tem colaborado de verdade com o negócio além dos números?
  • Está preparado para liderar em um ambiente que valoriza adaptação e aprendizagem contínua?
  • Que power skills você já tem e quais precisa desenvolver para ser o FBP do futuro?